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Darkhill #2

Segunda parte de uma série de textos que pretendo postar uma vez por semana aqui. Venho escrevendo essa história como passatempo, então por que não compartilhar no blog? A intenção era postar apenas na sexta-feira, mas por diversos motivos o post de hoje não ficou pronto, então hoje tem a continuação de Darkhill e sexta conteúdo inédito. Aproveite a leitura!

Você pode conferir a primeira parte aqui.

Trata-se de um suspense que acompanha o policial John, que se vê em meio a um apocalipse zumbi e precisa sobreviver a qualquer custo para proteger aqueles que ama. Parece familiar, não é? Mas espere até começarem os flashbacks envolvendo a investigação dos crimes cometidos por um psicopata no passado. O terror volta para assombrar John e seus piores pesadelos se tornarão realidade.

2.

Agora não havia mais tempo para investigar os barulhos na igreja. Precisava chegar até o carro e usar o rádio para chamar reforços. O terror invadia sua mente e ainda duvidava do que acabara de ver, mas não podia simplesmente entrar em pânico e surtar então correu o mais depressa que conseguiu e alcançou a porta de seu sedã. Detetives tem permissão para usar a viatura descaracterizada da polícia e nesta noite John havia tido uma discussão feia em casa que se seguira por um dos passeios de carro costumeiros que ele fazia para esfriar a cabeça. Nos primeiros anos de casamento as brigas terminavam em sexo, mas agora tudo era diferente. Quanto estava prestes a encostar o carro e descer para comprar um café, recebeu o chamado pelo rádio e decidiu ir verificar. Grande erro. 

O para-brisa estava com uma fina camada de gelo que fez John perceber: a neve devia ter começado a cair há pouco tempo. Puxou o fone do rádio e sua boca se abriu para chamar “central...” quando o barulho de estática o fez explodir de raiva e socar violentamente o painel do carro. Pensamentos sombrios percorreram sua mente 

– Algo muito errado está acontecendo nesta noite – disse para si mesmo.

Tomado por desespero, John deu partida no carro e saiu em alta velocidade, olhando uma última vez para a capela através do retrovisor. Os mortos ainda não haviam chegado até a parte mais elevada da colina, o que dava um bom tempo de vantagem para que...algo fosse feito a respeito dessa situação, algo que o detetive não sabia dizer o que era. O caminho até a cidade era único: uma estrada sinuosa de “vai e vem” que percorria as montanhas dando voltas nelas e que agora estava coberta por uma camada de gelo que tornava a curta viagem muito mais perigosa do que deveria ser, principalmente a mais de 100 km/h e de noite. A cidade ficava em uma espécie de vale e não tinha mais do que 40.000 habitantes, mas John não poderia dizer com certeza, pois desde que se mudara para lá com a esposa há cerca de quatro meses, ambos não se sentiram muito motivados a conhecer mais sobre ela. Isso se devia certamente ao momento instável do relacionamento deles. O detetive assumia sua parcela da culpa: Annie não ficara nada satisfeita quando ele revelou que teriam que se mudar para outro estado depois de John ter sido suspenso no trabalho. Agora ele não queria pensar nisso, ainda se arrependia muito de ter agredido seu parceiro depois de cinco anos trabalhando juntos. Abriu o porta-luvas e pegou seu cantil com scotch que sempre trazia consigo. Um gole de uísque com certeza era aceitável diante da situação atual, ponderou ele.

John continuou tentando fazer contato com a central pelo rádio, mas depois de ouvir estática por quatro vezes ele sentiu vontade de jogá-lo pela janela então seguiu tentando manter a calma. Sentia-se ainda zonzo pela visão que teve no cemitério. Nunca havia imaginado que veria um homem devorando outro, muito menos que veria um homem ser devorado por um cadáver. Chegara a duvidar de sua sanidade quando gritou e o morto virou o pescoço em sua direção. Por sorte, sua cabeça funcionou e conseguiu correr até o carro para pegar sua arma, mas não sem ser seguido e encurralado. O que se seguiu, foi o início de um pesadelo que, apesar de John ainda não saber, estava longe de terminar. O policial teve um vislumbre do que estava por vir quando depois de uma grande curva aberta, avistou a placa de sinalização com a frase “Bem-vindo a Darkhill” e ao longe uma cidade branca de neve, mas que era banhada por luzes vermelhas e azuis de carros de polícia e a laranja forte de incêndios que se espalhavam como se os prédios fossem feitos de palha.

Ao retomar os olhos para a estrada a sua frente, não houve tempo para evitar o acidente. Em uma ação instintiva, John pisou no pedal do freio com toda sua força, mas a pista escorregadia fez seu carro derrapar com a os pneus traseiros travados e a colisão aconteceu. Sua cabeça latejava, martelava como se o próprio deus nórdico do trovão estivesse fazendo uma cerca de madeira em sua mente. Abriu os olhos devagar, mas não conseguiu enxergar, pois o sangue cobria suas pálpebras. Limpando a testa com a manga do casaco, tudo que havia acontecido antes de John perder a consciência passou em flash por sua mente. O para-brisa estava completamente estilhaçado, mas não sabia dizer exatamente como tudo transcorrera. O volante estava coberto com seu sangue e por sorte era só isso. Tateou seus braços e pernas: nada quebrado. 

Desceu do carro e pode ver a alguns metros o carro com que colidira, a traseira estava completamente destruída. O que chamou sua atenção foi que mais três outros carros estavam envolvidos no que parecia ter sido um engavetamento. A neve caía forte agora, no acostamento e próximo aos guarde reios montes com um metro de altura já se acumulavam. Avistou alguém descer de um Pontiac Firebird completamente amassado próximo a uma caminhonete que se encontrava virada de lado no meio da pista, mas não conseguiu distinguir se era homem ou mulher visto que uma cortina branca de neve permitia apenas que enxergasse uma silhueta.

Levou a mão ao coldre e desativou a trava de segurança da arma.



Um enorme obrigado se você leu até aqui, de verdade. Semana que vem tem mais Darkhill. Abraço, espero te ver em minha masmorra de novo.

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SOBREMIM

Sou Henrique Simão, sempre (mesmo) gostei de escrever, ler, jogar videogame e assistir filmes. Então decidi juntar todas essas coisas em uma: criei o Masmorra Cultural. Mas o que faço da vida não tem nada a ver com tudo isso, cursei 1 semestre de Jornalismo e tive que sair do curso. Hoje faço faculdade de Gestão Empresarial e trabalho em um Escritório de Gerenciamento de Projetos. Escrever é meu passatempo, jogar, ler e assistir também, porém continuo atrás de meu sonho que é escrever um livro, pelo menos um, aproveitando as milhares de ideias que surgem todos os dias. Amo música e futebol também, tenho constantes embates internos com meus sentimentos e filmes de romance, em minha opinião, são os que mais se aproximam de um retrato da realidade

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1 comentários:

  1. ESTOU GOSTANDO MUITO....DA CARA DO BLOG ,DO CONTEÚDO...AMOOOOO FILMES E SÉRIES ,FICO ESPERANDO SEMPRE O PRÓXIMO POST ......

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